Ana Maria Gonçalves toma posse na ABL e se torna primeira mulher negra a ocupar cadeira na instituição

  • 07/11/2025
(Foto: Reprodução)
Ana Maria Gonçalves toma posse na ABL Dani Paiva/Divulgação ABL A escritora Ana Maria Gonçalves tomou posse na cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras nesta sexta-feira (7), substituindo Evanildo Bechara, morto em maio deste ano. Ana Maria é a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na instituição. A cerimônia foi realizada no Petit Trianon, na sede da ABL, no Centro do Rio. Desde a fundação da ABL, Ana Maria é a 13ª mulher a ser eleita e a sexta entre os atuais "imortais". Com 54 anos – completa 55 seis dias após a posse - é a acadêmica mais jovem a ser eleita. Na cerimônia, a autora de "Um defeito de cor" foi recebida por Lilia Schwarcz. A escritora recebeu o colar de Ana Maria Machado e o diploma de Gilberto Gil. A comissão de entrada foi formada por Rosiska Darcy de Oliveira, Fernanda Montenegro e Miriam Leitão; a comissão de saída por Domício Proença Filho, Geraldo Carneiro e Eduardo Giannetti. A versão do fardão utilizado pela escritora na posse foi feita por integrantes da Portela, que teve o livro "Um Defeito de cor" como enredo para seu carnaval de 2024. A agremiação também foi citada no discurso de agradecimento. Ana Maria teve na plateia a presença dos pais e de outros parentes. "Sem esse núcleo de amor e apoio que nossa família sempre cultivou eu nada seria", declarou em seu discurso de posse. Durante o discurso, Ana Maria lembrou que durante muitas décadas houve um processo deliberado de exclusão de mulheres e outros grupos. Ela lembrou, entre outras a negação da candidatura de Dinah Silveira de Queiroz e a posterior aceitação de Raquel de Queiroz. "Acredito que a discussão em torno da candidatura da escritora Conceição Evaristo em 2018 contribuiu para eu estar aqui hoje. Independentemente do resultado, foi uma candidatura que fez com que a ABL olhasse para si e, diante da sociedade, finalmente percebesse o quão homogênea ainda era, o quanto falhava em representar dentro de seus quadros todas as línguas faladas pelo nosso povo", refletiu. Ela lembrou então de candidaturas com perfil mais diverso eleitas mais recentemente."Ainda somos poucos, para tanto trabalho de reconstrução de um imaginário em relação ao que representamos", acrescentou, recordando que durante muito tempo Domício Proença foi o único negro na ABL e que durante muito tempo a negritude de Machado de Assis foi negada. Ana Maria recebe diploma da ABL de Gilberto Gil Dani Paiva/Divulgação ABL Ana Maria Gonçalves chega para posse na ABL Dani Paiva/Divulgação ABL Trajetória Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra eleita imortal: 'Não estou na ABL sozinha' Ana Maria Gonçalves nasceu em Ibiá, em Minas Gerais, em 1970. É sócia-fundadora da terreiro Produções. Largou a publicidade, onde trabalhou durante 15 anos, para escrever “Ao lado e à margem do que sentes por mim” e "Um defeito de cor”, ganhador do prêmio Casa de Las Americas (Cuba, 2007). Já publicou contos em Portugal, Itália e nos Estados Unidos, onde morou por oito anos e ministrou cursos e palestras sobre questões raciais. Foi escritora residente nas Universidades de Tulane (New Orleans), Stanford (California), e Middlebur (Vermont). É roteirista, dramaturga e professora de escrita criativa. Começou a escrever contos e poemas desde a adolescência, sem chegar a publicar. A paixão pela leitura nasceu durante a infância, e desde criança lia jornais, revistas e livros. “Um defeito de cor”, de 952 páginas, foi publicado em 2006 e levou cinco anos para ser concluído (dois anos de pesquisa, um de escrita e dois de reescrita). Ele narra a trajetória de Kehinde, uma mulher negra sequestrada no Reino do Daomé e escravizada na Bahia, inspirada na história de Luiza Mahin, mãe do advogado abolicionista Luis Gama.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/11/07/ana-maria-goncalves-toma-posse-na-abl.ghtml


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