PF acessa celulares de Macário Neto, desembargador preso, e de Rodrigo Bacellar, presidente afastado da Alerj
17/12/2025
(Foto: Reprodução) A quebra de sigilo do celular do desembargador Macário Júdice Neto é mais uma má notícia que intranquiliza a classe política do Rio de Janeiro, já que o magistrado vinha atuando muito mais como um articulador político do que como relator do processo contra o ex-deputado TH Joias.
De acordo com apuração do blog, a Polícia Federal (PF) já conseguiu acessar os dados de dois celulares apreendidos na operação: um dos três aparelhos encontrados com Macário, preso nesta semana sob acusação de obstruir investigações sobre a ramificação do Comando Vermelho na Assembleia Legislativa do Rio, e um telefone de Rodrigo Bacellar, presidente afastado da Alerj. O desembargador não forneceu a senha aos investigadores, que recorreram a meios tecnológicos para ter acesso ao conteúdo.
Ao todo, a PF trabalha com sete celulares considerados explosivos: os de Bacellar, do desembargador Macário e três aparelhos apreendidos com o chefe de gabinete de Bacellar, Rui Bulhões, apontado como operador do presidente da Assembleia.
Além dos aparelhos encontrados com o desembargador, a PF também conseguiu acessar um dos celulares de Rodrigo Bacellar, presidente afastado da Alerj.
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Nos bastidores, o desembargador Macário estava muito preocupado com o rompimento, já que ambos respondem, no Tribunal Superior Eleitoral, a uma ação na qual são acusados de comprar votos na reeleição de Castro e na eleição de Bacellar em 2024.
Segundo investigadores, Macário atuava de forma ativa para tentar reaproximar os dois, chegando a ligar para o governador para tentar marcar um encontro com Bacellar.
A relação entre Castro e Bacellar se rompeu em julho, quando, durante uma viagem do governador, Bacellar assumiu interinamente o governo e, sem avisar o titular do Palácio Guanabara, demitiu um dos secretários mais importantes, o deputado Washington Reis, responsável pela pasta de Transportes. Desde 3 de julho, segundo fontes do Palácio Guanabara, Cláudio Castro e Rodrigo Bacellar não se comunicam.
Desde a prisão de Bacellar, Macário, segundo fontes do Tribunal Regional Federal, andava muito nervoso. “Um siri na lata”, descreveu um outro desembargador.
Macário tentou antecipar a sessão de julgamento do caso TH Joias, mas não conseguiu. O julgamento está marcado para o dia 18 de dezembro. Após a prisão, o desembargador assinou de forma manuscrita sua suspeição para atuar no caso. A PF trabalha agora para acessar os outros dois celulares apreendidos com ele.
A tensão no mundo político aumenta ainda mais porque, além dos telefones de Bacellar e de Macário, há os três celulares do chefe de gabinete, considerado o operador político de Bacellar. Até a demissão de Washington Reis, Bacellar era o candidato de Cláudio Castro, que iria se afastar do governo, deixando Bacellar como governador interino até a eleição. Com a crise entre os dois, os planos mudaram.
Se Macário conseguisse recompor a aliança entre Castro e Bacellar, se tornaria o grande fiador político de um eventual governo Rodrigo Bacellar. Na visão de Macário, se a briga continuasse, isso poderia enfraquecer a defesa dos dois no Tribunal Superior Eleitoral. Daí a necessidade que o desembargador via de atuar como articulador político do reencontro e, a partir daí, fazer uma rearrumação da campanha de 2026.
Segundo denúncia da Procuradoria Regional Eleitoral, Cláudio Castro e Rodrigo Bacellar são acusados de montar um esquema que movimentou cerca de R$ 1 bilhão para o pagamento de cabos eleitorais, por meio de uma folha secreta que beneficiou 18 mil pessoas. Desse total, 15 mil CPFs pertenciam a pessoas inscritas como beneficiárias do Programa Auxílio Brasil na folha de pagamentos da CEPERJ, o que, segundo a acusação, indica contratações em massa de pessoas vulneráveis, além de registros de pessoas já falecidas.
A Polícia Federal prendeu um desembargador do Tribunal Regional Federal no Rio de Janeiro
Desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto
Divulgação