UFRJ repudia fala de professor que citou uso de guilhotina contra Roberto Justos e sua família
08/07/2025
(Foto: Reprodução) Comentário feito em rede social por professor aposentado gerou reação da universidade e revolta da família, que promete acionar a Justiça após sugestão de violência. A filha de Roberto Justus, Vicky, de 5 anos, aparece segurando uma bolsa avaliada em R$ 14 mil em uma postagem da família.
Reprodução redes sociais
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Escola de Comunicação da UFRJ (ECO) repudiaram a mensagem do professor aposentado Marcos Dantas, em uma publicação em rede social, que citou o uso de guilhotina contra o empresário Roberto Justus e sua família. A postagem gerou ampla repercussão nas redes sociais.
O comentário do professor surgiu como resposta a uma postagem de uma foto da família Justus com o seguinte comentário: "os bolcheviques estavam certos". O comentário não foi feito na publicação da família e sim em um outro perfil que repostou a imagem.
Na foto, a filha de Roberto Justus, de 5 anos, aparece segurando uma bolsa avaliada em R$ 14 mil. Marcos escreveu: “Só a guilhotina...”, em possível referência à Revolução Francesa, onde o artefato era utilizado para executar inimigos da revolução (entenda o contexto histórico na reportagem).
UFRJ repudia fala de professor que sugeriu uso de guilhotina contra filha de Roberto Justus
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A universidade afirmou que repudia qualquer incitação à violência e destacou que o professor está aposentado desde 2022, sendo suas postagens de caráter pessoal.
"A UFRJ e a Escola de Comunicação da UFRJ repudiam qualquer tipo de expressão de pensamento que incite à violência ou agrida a terceiros”, disse a UFRJ em nota oficial.
Revolta da família Justus
O casal Roberto Justus e Ana Paula Siebert Justus, pais da criança, expressaram profunda indignação com os ataques que sofreram nas redes por conta da postagem.
"Falaram que tinham que matar a nossa filha, na guilhotina. Matar a nossa família", revelou Justus.
Ana Paula também questionou a gravidade do comentário e informou que vai buscar a Justiça para se defender.
"Instigar a morte e o ódio é inaceitável. E se a gente assinar embaixo que a internet é a 'terra de ninguém', que todo mundo pode falar o que quer, não é assim que funciona. Se a crítica é boba, tudo bem, cada um tem a sua opinião. Mas instigar a morte de alguém?", disse Ana Paula.
"A gente nunca ligou para críticas, que são muito poucas, mas dessa vez nós vamos atrás dos nossos direitos. Não vamos aceitar ameaças para a nossa família", afirmou o empresário.
A filha de Roberto Justus, Vicky, de 5 anos, aparece segurando uma bolsa avaliada em R$ 14 mil em uma postagem da família
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Ana Paula também disse que não pretende deixar de compartilhar momentos da família por medo de ataques.
"Deixar de mostrar a minha família por medo, seria como viver em uma prisão invisível. O certo não pode ser silenciado e nem escondido pelo errado. Precisamos buscar proteção na lei, na Justiça, ir atrás, porque viver com liberdade e tranquilos (e não com medo) é essencial em qualquer lugar do mundo", comentou.
A mãe de Vicky ainda afirmou que a filha não foi informada sobre o ocorrido.
"Não, jamais. A Vicky é uma criança e não precisa ser exposta e nem teria capacidade de entender. Espero que ela cresça em um mundo melhor", completou Ana Paula.
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Resumo da confusão
A polêmica começou após um post compartilhado pelo casal Roberto Justus e Ana Paula Siebert viralizar nas redes sociais devido a um acessório utilizado pela filha do casal. A menina apareceu com uma bolsa Fendi avaliada em cerca de R$ 14 mil, tornando-se rapidamente assunto nas redes.
Vários perfis que comentam a vida de pessoas famosas compartilharam a imagem. Um perfil batizado como @_Stalinsp comentou em uma dessas publicações secundárias com a foto da família. Ele escreveu: "os bolcheviques estavam certos".
Foi nesse contexto que o professor Marcos Dantas Loureiro, que se apresenta nas redes como Professor Titular da ECO-UFRJ e líder do ComMarx–Grupo Marxiano de Pesquisa em Informação, Comunicação e Cultura, respondeu à foto com a frase: "Só a guilhotina...".
UFRJ repudia fala de professor que sugeriu uso de guilhotina contra filha de Roberto Justus
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O comentário do professor, que teria sido apagado na sequência, fez alusão à forma mais comum de execução na Revolução Francesa. O casal Justus justificou a foto, explicando que faz parte do trabalho da mãe, como influenciadora, mostrar o cotidiano nas redes sociais.
Bolcheviques e as revoluções
Os bolcheviques eram um grupo revolucionário marxista, liderado por Vladimir Lênin, que defendia a derrubada do regime czarista e a instauração de uma ditadura do proletariado na Rússia. Em outubro de 1917, eles tomaram o poder e iniciaram profundas transformações políticas, econômicas e sociais, que culminariam na criação da União Soviética.
Após a revolução, os bolcheviques confiscaram terras, propriedades e empresas privadas da nobreza e da burguesia. Famílias aristocráticas e ricas foram perseguidas, exiladas ou até executadas, sendo o caso mais simbólico o assassinato do czar Nicolau II e sua família.
Divisão da esquerda surgiu com a Revolução Russa
O objetivo era eliminar as desigualdades sociais extremas, abolindo a propriedade privada dos meios de produção e promovendo a coletivização, segundo a ideologia marxista.
O sentido atual da frase "os bolcheviques estavam certos" é visto muitas vezes como um meme ou uma crítica mais dura a desigualdade social.
A frase "os bolcheviques estavam certos" diante de uma família rica pode ser vista como uma ironia, sugerindo que uma solução radical, violenta e revolucionária (como a bolchevique) seria "justificável" diante de injustiças sociais persistentes.
A citação também é vista como uma posição política de esquerda, que enxerga a riqueza acumulada como fruto de exploração ou privilégio sistêmico.
Já a "guilhotina", termo usado pelo professor, se tornou um dos símbolos mais marcantes da Revolução Francesa (1789–1799), sendo amplamente utilizada durante o chamado "Período do Terror", entre 1793 e 1794.
Nesse contexto, milhares de pessoas — incluindo nobres, clérigos e até revolucionários — foram executadas publicamente como forma de eliminar inimigos do novo regime e consolidar a república. O instrumento passou a representar, historicamente, a radicalização da luta contra a desigualdade e os privilégios da aristocracia.
Professor pede desculpas
Em nota publicada nas redes sociais, o professor Marcos Dantas afirmou que sua frase “Só a guilhotina...” foi uma metáfora, frequentemente usada no X (antigo Twitter), e que fazia referência histórica à Revolução Francesa. Segundo ele, a intenção era criticar a desigualdade social de forma irônica, e não ameaçar a família de Roberto Justus.
Na nota, ele afirmou que respondeu a uma postagem "fazendo referência a outro fato histórico" e que jamais teve a intenção de ofender ou ameaçar. Ele também afirmou desconhecer Justus e seus familiares.
“Nem de longe, em momento algum, passou pela minha cabeça fazer qualquer ameaça ao senhor ou à sua família. Isso seria um absurdo!”, escreveu o professor, que tem 77 anos e 55 de carreira no jornalismo.
Ele finalizou pedindo desculpas caso o comentário tenha causado transtornos à família.